quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Não foi apenas uma caminhada...

INTRODUÇÃO:

Desde o primeiro réveillon em que eu passei no Rio de Janeiro, não desejo outra coisa no fim do ano. Minha vontade é pegar um voo, um ônibus fretado, pegar uma carona, ir de pau-de-arara, qualquer coisa para conseguir chegar na Cidade Maravilhosa e iniciar uma nova fase da vida lá. Com as esperanças renovadas, de alma lavada e cabeça limpa. Mas por motivos maiores estava condenado a virar 2012 aqui em São Paulo, dentro de casa; desde que eu me recuso a ir para a Avenida Paulista no dia 31. Simplesmente não me atrai. Nunca fui e nunca senti vontade de ir, não me apetece de jeito nenhum... aquela muvuca, a confusão, a bebedeira, a música e os cantores pedantes que geralmente se apresentam, não faz parte do meu mundo e por isso nunca me aventurei no maior Réveillon paulista. Mas também não tinha como ir pro Rio, sendo que entrei em recesso muito em cima da hora e já não existiam passagens de ônibus nos terminais de São Paulo e as passagens aéreas estavam uma fortuna. Portanto já até tinha me conformado de que não iria viajar. Mas a vida nos reserva vários presentes que não esperamos, e então no dia 31 eu viajei para o Rio, pois uma tia minha achou uma passagem e me convidou para passar com eles lá no RJ.
Nesse mesmo período estava passando por algumas dificuldades no meu relacionamento e calhou bem, obviamente eu fui. Embarquei às 23h50 do dia 30/12 e cheguei no RJ por volta das 05h20. 
Minha tia não mora no centro ou perto dele, aliás, mora bem distante... na zona rural; aonde fica a Universidade Rural do Estado do Rio de Janeiro em Seropédica. Por esse motivo em determinado ponto da viagem, eu sou obrigado a pedir ao motorista que me deixe no meio da estrada, aonde eu faço uma bifurcação de avenida e sigo meu rumo. Assim foi feito. O motorista foi extremamente solícito e simpático, conversamos um pouco e ele me deixou no meio do caminho, conforme eu havia pedido. 

(...) Ainda era madrugada, estava tudo em puro breu. Completamente escuro, vazio. Somente as luzes dos carros e ônibus que passavam faziam a iluminação do local, juntamente com os estrondosos ruídos de pneu deslizando sob o asfalto. Era como cena de filme: Um rapaz no meio do nada, numa avenida escura, vazia, sem nada por perto. Olhei ao redor, verificando as condições do lugar e as possíveis situações que ali poderiam acontecer, senti um pouco de medo. Mas me acalmei, afinal não tinha como ter ninguém lá.
Fiquei esperando um suposto ônibus que me levaria direto a Seropédica, mas o ônibus não veio.

Esperei uns 30 minutos parado, em pé e sozinho no meio da escuridão. Não foi um dos meus melhores momentos, mas esperei calmo e confiante de que tudo iria dar certo. Após isso decidi seguir caminhando. Não poderia ser tão difícil, certo? 

Fui andando, passei por um pedágio e logo por uma placa que me indicava que eu já estava nas "Terras de Seropédica". Já tinha andado alguns poucos minutos e então tomei uma decisão: Ir a pé até o meu destino final. 

Sim, porquê não? Vou caminhar, pensar na vida, refletir... caminhando! E assim foi feito.
Ainda estava muito escuro e eu continuava sozinho, mas segui e comecei a caminhar pensando em tudo o que tinha acontecido comigo em 2012, em como tudo tinha acontecido naturalmente e de forma tão perfeita, até os problemas! Tudo aconteceu por um motivo, nada foi ao acaso, nenhum momento foi desperdiçado e tudo foi vivido com muita intensidade e paixão. Paixão por viver, por respirar! E que eu não arrependia de absolutamente nada. Tudo aconteceu de um jeito profético e mágico. Na hora imaginei um filme; onde eu era o protagonista e todas as cenas passavam lentamente e em tom de sépia no passado e atrás de mim do meu corpo, e a minha frente estavam cenas inéditas, capítulos inovadores e com saturação de cor em extrema elevação. Nada de preto e branco ou sépia, ali dominavam as cores vivas e intensas. 

E a cada passo que eu dava, estava concentrando toda minha força, minha fé, meu amor, minha energia em conquistar dádivas em 2013. A cada passo que eu dava era uma dor deixada para trás, um receio, um trauma, um medo, uma dúvida, uma infelicidade.
Deixei tudo de ruim para trás e jamais aceitarei devolução! Ficou tudo naquela estrada.

Ali era o início de uma nova fase. 
Enquanto eu caminhava, sorria. Sorria por ver literalmente toda uma estrada à minha frente e me abraçando com todas as melhores das intenções, e olhava para trás e via cada momento em que eu vivi no ano que estava ali acabando... afinal aquele foi o último dia do ano. Alguns podem me chamar de lunático. Mas eu tenho minha própria visão de mundo e possuo uma sensibilidade extrema para lidar com fatos da vida e com tudo o que se relaciona a minha, portanto aquilo não era uma simples caminhada. Era um ato profético, era algo simbólico, mágico, real. Com grande honra ressalto também que não era um percurso pequeno. Caminhei sem me dar conta da real distância e andei quase exatos 6 km até chegar na casa da minha tia.

Levei 1h30 para fazer todo o percurso. Vi o sol amanhecer da avenida, olhava ao redor e via várias montanhas, tais que no início da madrugada estavam tão perto de mim mas que depois de um tempo iam se afastando e ficando cada vez mais distantes. Enfim, foi assim. Minha chegada ao Rio de Janeiro foi diferente dessa vez. Utilizei meu corpo para expressar minha gratidão, minha inconformabilidade, minha ânsia de mudanças, novidades, desejos e novas esperanças para este ano que recomeça agora em 2013.

UMA NOVA ESTRADA SE ABRE AGORA. 
Infinitos caminhos e possibilidades surgirão trazendo novas experiências, novos sentimentos, novas histórias.
2013 

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